Em média, dois a cada cinco pacientes que procuram assistência médica tem queixa de dor. A dor aguda é uma consequência comum de uma lesão ou doença e costuma durar até cura ou resolução destas. A dor crônica persiste por mais de 3 meses, indo além do período de resolução da lesão ou acompanhando doença que não se cura, podendo ser de caráter contínua ou intermitente.
Sua prevalência varia entre 7 e 48%, sendo maior em populações com nível socioeconômico mais baixo, baixa escolaridade, em mulheres e pessoas de meia-idade e idosos. Não é à toa que medicações para alívio da dor estão entre as cinco mais prescritas.
Além disso, algumas doenças estão mais facilmente associadas à dor crônica, como desordens musculares, fibromialgia, doenças da medula e da coluna, doenças articulares, doenças reumatológicas, depressão e ansiedade, chegando a uma prevalência mais de duas vezes maior.
A dor crônica ocorre como resultado de ativação persistente (sensibilização) das vias neurais da dor e espasmos musculares, indicando que há disfunções no sistema nervoso ou nas fibras nervosas do membro afetado, podendo ocorrer em doenças crônicas como artrite reumatoide, câncer, artrose, enxaqueca e fibromialgia, por exemplo, ou mesmo se tornar tão impactante a ponto de ser também considerada como uma doença.
Existem dois tipos principais de dor crônica: nociceptiva e neuropática.
A dor nociceptiva é caracterizada por lesão ou inflamação em tecidos da pele, a qual é interpretada pelas células do sistema nervoso como estímulo doloroso, como diante de um trauma, infecção, contratura muscular ou queimadura, geralmente persistindo até que a causa seja resolvida. No entanto, não raro ocorre a sensibilização dos receptores da dor no local e esta persiste por um período prolongado.
A dor neuropática acontece por lesão ou doença do sistema somatossentivo, isto é, disfunção do sistema nervoso responsável pela parte sensorial e vias neurais em determinado local (cérebro, medula ou nervos periféricos) que responde a mudanças na superfície do corpo. Esta resposta comumente é interpretada como sensação de queimação, pontada ou formigamento e até mesmo alodínea (sensação de dor causada por um estímulo não doloroso). São diversas as causas: neuropatia diabética; síndrome do túnel do carpo; neuralgia pós herpética; nevralgia do trigêmeo; dor pós amputação; polineuropatias inflamatórias; radiculopatias, lesões medulares; dor central após acidente vascular cerebral (AVC), dentre outras causas.
A eficácia na resposta ao tratamento depende de uma terapia alvo bem direcionada e que envolve medidas não medicamentosas e medicamentosas, além de tratamento multidisciplinar. Dentre as medidas não medicamentosas, destacam-se: tratamento de reabilitação com fisioterapia motora direcionada; terapias preventivas como meditação, acupuntura, exercícios físicos para recondicionamento e exercícios de alongamento e ritmo; compressão de pontos gatilho, massoterapia (terapia com massagem), quiropraxia e psicoterapia, por exemplo. Com relação ao tratamento medicamentoso, além de medicações específicas para tratamento da doença de base (quando há), são utilizados antidepressivos, anticonvulsivantes e medicações analgésicas, reservando uso de opioides apenas para casos de dor intensa e de difícil tratamento para evitar abuso de trais substâncias.
O tratamento da dor crônica deve ser individualizado. Procure seu médico para melhores esclarecimentos e adequação ao tratamento. O neurologista é um especialista capacitado para poder ajudá-lo.